quinta-feira, 22 de março de 2018
UM CAMELO PODE PASSAR PELO FUNDO DE UMA AGULHA?
Jesus disse: “E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mateus 19:24). Este comentário apresenta desafios de, pelo menos, quatro tipos:
(1) A tentação de aceitar explicações convenientes inventadas por homens. Durante muito tempo, tem se circulado algumas explicações para tornar possível o que Jesus disse. Alguns tem dito que a palavra certa não seria camelo e sim, cabo. Outra explicação mais difundida é que o fundo da agulha se refere a um portão baixo que supostamente existia em Jerusalém, pelo qual os camelos passavam de joelhos. Mas as evidências para estas explicações são muito fracas. Não devemos nos perder com explicações forçadas e inventadas.
(2) O problema com interpretações literais de linguagem figurada. Muitas coisas na Bíblia são literais, e normalmente aceitamos as palavras exatamente como foram dadas. Mas, Deus também usa linguagem figurada, e corremos o risco de errar em não compreendê-la. Jesus criticou seus discípulos por não compreenderem linguagem figurada (Mateus 16:6-12). Muitas pessoas erram por não reconhecer o sentido figurado de referências a 144.000 selados (Apocalipse 7:4; 14:3). Erramos, também, quando não reconhecemos o uso de hipérbole, linguagem intencionalmente exagerada para enfatizar um ponto. Não podemos tratar hipérbole como linguagem literal sem cair em contradição. Por exemplo, as avaliações de Ezequias (2 Reis 18:5) e Josias (2 Reis 23:25) seriam contraditórias se a linguagem fosse literal. E a promessa a Abraão sobre descendentes tão numerosos como as estrelas e a areia do mar (Gênesis 22:17) não pode ser tratada como uma afirmação literal. O comentário de Jesus sobre o camelo e a agulha é mais um exemplo de exagero proposital.
(3) O perigo de interpretar um versículo de uma maneira que contradiga outros ensinamentos bíblicos. Outros trechos esclarecem o sentido. A dificuldade das riquezas vem nas prioridades (Mateus 6:19-21,24; Colossenses 3:1-5) e na confiança (Mateus 6:25-33; 1 Timóteo 6:17-19), não apenas na questão de possuí-las.
(4) O desafio principal das palavras de Jesus: o perigo de buscar ou confiar em riquezas. Talvez o maior perigo de todos seja o erro de não prestar atenção na lição que Jesus ensinou. Tantas pessoas buscam prosperidade, e tantos pastores incentivam estes desejos. Mas Jesus avisa que muitos perderão as suas almas por causa do dinheiro. Quer se tornar rico? Cuidado! Você está entrando numa área de grande perigo!
Dennis Allan
quinta-feira, 8 de março de 2018
A TERRA DE ISRAEL
O pedaço da
terra mais disputado do mundo talvez seja a terra de Canaã. Este
lugar, hoje chamado de Israel, ocupa uma faixa bem estreita entre o
mar Mediterrâneo e o rio Jordão.
Canaã é pequena, contendo uma
área bem menor que o estado de Sergipe e menos de uma metade dos
metros quadrados de Alagoas. Mesmo assim, esse território tem sido
almejado e contestado desde a antiguidade.
O que a Bíblia nos
ensina sobre esta terra, a quem pertence hoje, e quais são os planos
que o Senhor tem para seu futuro?
A
História da Terra
Quando
Deus chamou Abraão para que deixasse a parentela e fosse para uma
determinada terra (Gênesis 12:1), este foi para Canaã. Ali, ele
peregrinou e criou sua família.
Senhor prometeu que daria aos
descendentes de Abraão "esta
terra" (Gênesis
12:7), e repetiu a promessa para Abraão (Gênesis 13:14-15, 17;
17:8), Isaque (Gênesis 26:3-4) e Jacó (Gênesis 28:13). O Senhor
explicou que o cumprimento ia demorar uns quatrocentos anos (Gênesis
15:13-16). De fato, 430 anos depois (Êxodo 12:40-41), o Senhor
levantou Moisés que libertou o povo do Egito e o conduziu à terra
prometida. Por causa da incredulidade do povo, a realização da
promessa demorou mais uma geração (Números 13-14). Mas finalmente,
Israel entrou e conquistou a terra (veja Josué).
Israel
tomou conta de toda a terra que Deus prometeu. "Assim
o Senhor deu aos israelitas toda a terra que tinha prometido sob
juramento aos seus antepassados, e eles tomaram posse dela e se
estabeleceram ali ... De todas as boas promessas do Senhor à nação
de Israel, nenhuma delas falhou; todas se cumpriram" (Josué
21:43, 45).
O próprio Josué afirmou num discurso aos líderes de
Israel:
"Vocês
sabem, lá no fundo do coração e da alma, que nenhuma das boas
promessas que o Senhor, o seu Deus, lhes fez deixou de cumprir-se.
Todas se cumpriram; nenhuma delas falhou" (Josué
23:14b; veja também 1 Reis 4:21; Neemias 9:7-8).
Deus
deu a terra para o povo de Israel de forma incondicional. Logo antes
da entrada do povo na terra prometida, o Senhor explicou:
"Não
é por causa de sua justiça ou de sua retidão que você conquistará
a terra delas. Mas é por causa da maldade destas nações que o
Senhor, o seu Deus, as expulsará de diante de você, para cumprir a
palavra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus antepassados,
Abraão, Isaque e Jacó" (Deuteronômio
9:5).
Os israelitas receberam a terra apenas porque Deus havia
garantido aos patriarcas que a daria aos seus descendentes. Mas eles
iriam continuar na terra somente por sua fidelidade ao Senhor.
Em
Deuteronômio 28 e Levítico 26, Deus salientou as maldições que o
povo ia sofrer caso quebrasse a aliança, inclusive a expulsão da
terra:
"Vocês
serão desarraigados da terra em que estão entrando para dela tomar
posse" (Deuteronômio
28:63b).
Eles desobedeceram ao acordo que fizeram com Deus múltiplas
vezes e apesar de longanimidade enorme, finalmente o Senhor
concretizou as maldições contra a nação: Assíria e Babilônia
levaram-na em cativeiro.
Depois
do exílio, porém, Deus se comprometeu que deixaria o povo retornar
para a terra prometida (Deuteronômio
30:5).
De fato, sob a liderança de Josué e Zorobabel, o povo voltou
para a terra de Canaã (veja Esdras). Infelizmente, o povo novamente
se afastou do Senhor, e Jesus anunciou que seria expulso da terra
mais uma vez. Depois de ter passado um capítulo salientando os erros
dos líderes, Jesus decretou:
"Eis
que a casa de vocês ficará deserta ...Eu lhes garanto que não
ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas" (Mateus
23:38; 24:2).
Ele falou que Jerusalém seria destruída naquela
geração (Mateus 24:34), e assim aconteceu. No ano 70 d.C. o general
Tito com o exército romano cercou, conquistou e aniquilou a cidade
de Jerusalém.
A
Terra Hoje
Não resta mais
nenhuma promessa de Deus referente a Canaã. Deus já cumpriu a
promessa de dar a terra aos descendentes de Abraão e para deixar o
povo voltar após o cativeiro. Quando o povo perdeu a terra pela
segunda vez, perdeu todo o seu direito a ela.
Em 1948, alguns judeus
retornaram, mas este evento não é cumprimento de nenhuma profecia
bíblica; é simplesmente um acontecimento político.
As
escrituras afirmam nitidamente que não há mais distinção entre
judeus e gentios perante o Senhor.
"Não
há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor
de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam" (Romanos
10:12; veja Colossenses 3:11).
Qualquer promessa possuída pelos
judeus hoje aplica-se igualmente aos gentios, porque Deus não mais
diferencia os dois em nada. Todos os servos fiéis ao Senhor são
contados como Israel hoje.
"Não
há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos
são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são
descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa" (Gálatas
3:28-29).
O Israel de Deus inclui todos os servos dele independente
da sua nacionalidade (Gálatas 6:16; Romanos 4:11-17).
O
propósito de Deus na própria escolha de Abraão foi justamente
isso: através do seu descendente abençoar todas as famílias da
terra. A eleição de Abraão, portanto, não foi destinada a
favorecer a família dele, mas a utilizá-la para salvar o mundo. Os
profetas do Velho Testamento indicaram que haveria uma época em que
judeu e gentio seriam indistinguíveis. "O
Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: 'Bendito sejam o
Egito, meu povo, a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha
herança'" (Isaías
19:25, veja 19:16-25). Em Cristo, o uso especial de Israel físico
cessou, e o povo de Deus se tornou um corpo unido, composto tanto do
judeu como do grego.
Resposta a
Objeções
Algumas
pessoas pensam que Deus tem-se comprometido a dar a terra a Israel
hoje por causa da promessa a Abraão: "Toda
a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como
propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus
deles" (Gênesis
17:8).
A noção da perpetuidade da possessão da terra leva algumas
pessoas a concluir que o judeu ainda tem o direito a esta terra hoje.
Porém, a palavra 'perpétua' no Antigo Testamento não significa
algo que nunca cessa. Se fosse assim, os anos que Israel ficou fora
da terra no exílio e no intervalo entre 70 e 1948 teriam violado a
promessa.
'Perpétuo' em hebraico significa um bom tempo.
Note que a
circuncisão era 'aliança
perpétua' (Gênesis
17:13), mas sabemos que hoje circuncisão não tem mais nada a ver
com nosso relacionamento com Deus (Gálatas 5:1-4; 6:15).
Também o
sábado era 'aliança
perpétua' (Êxodo
31:16), mas hoje o sábado não faz mais parte das nossas obrigações
perante o Senhor (Colossenses 2:16-17).
Os sacerdotes levíticos
eram 'sacerdócio
perpétuo' (Números
25:13), mas o sacerdócio hoje está mudado porque foi impossível
alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (Hebreus
7:11-12). Então a ideia de perpetuidade no Velho Testamento se
limitava a continuidade naquela época.
Outras
pessoas notam as profecias que dizem que o povo de Deus viverá na
terra para sempre; por exemplo, "Viverão
na terra que dei ao meu servo Jacó, a terra onde os seus
antepassados viveram. Eles e os seus filhos e os filhos de seus
filhos viverão ali para sempre, e o meu servo Davi será o seu líder
para sempre" (Ezequiel
37:25).
Os profetas geralmente expressaram as bênçãos espirituais
em Cristo em termos ligados com as coisas já conhecidas. Existem
várias profecias do Velho Testamento que não se entendem em termos
materiais. Neste próprio trecho o Davi que seria o líder para
sempre não se referiu ao literal Davi, mas a Jesus, o grande
descendente de Davi (Atos 2:25-36).
Jeremias previu a
continuidade do sacerdócio, mas não se referiu ao sacerdócio
literal, mas a Jesus, nosso sumo sacerdote (Hebreus 7-10).
"Vejam,
eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia
do Senhor" (Malaquias
4:5).
O Elias não era Elias literal, mas João Batista, um parecido
com Elias (Lucas 1:17; Mateus 11:14; 17:13).
Os profetas
disseram que animais seriam oferecidos em sacrifício pelo pecado
(veja Ezequiel 43:19, 22, 25; 45:15, 17), mas não se oferecem
animais literalmente hoje. Cristo é o Cordeiro de hoje (João 1:29).
As pessoas aceitas por Deus, de acordo com os profetas, seriam
circuncisas (Ezequiel 44:9), mas a circuncisão em questão é
espiritual, do coração (Romanos 2:28-29).
Os profetas ensinaram que
os sábados precisariam ser santos (Ezequiel 44:24), mas os sábados
literais não fazem mais parte das nossas obrigações perante o
Senhor (Colossenses 2:16-17).
As profecias escritas no Velho
Testamento devem ser interpretadas de forma figurada (espiritual), e
não de forma literal (material). Por isso, quando lemos que pessoas
viveriam na terra para sempre, devemos entender que a terra significa
a terra espiritual dos lugares celestiais em que vivemos com Cristo,
não a terra literal de Canaã.
Não resta
nenhuma promessa de Deus quanto à terra física de Canaã. As
promessas de hoje tratam da pátria celestial onde temos nossa
cidadania (Filipenses 3:20-21); almejemo-la.
-por
Gary Fisher
D106
[Obs.: As citações bíblicas neste artigo são da Nova Versão Internacional (NVI).]
D106
[Obs.: As citações bíblicas neste artigo são da Nova Versão Internacional (NVI).]
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