sábado, 24 de fevereiro de 2018

AS ESCOLHAS DO CRISTÃO - EFÉSIOS 4::1-6


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Uma das cenas mais intensas da Bíblia é descrita em 1 Reis 18. Elias, com sua personalidade dominadora, era o porta-voz de Deus naquela ocasião. Os profetas de Deus haviam sido assassinados, e a adoração pagã a Baal e ao poste-ídolo (“Aserá”), sua “rainha”, estava sendo incentivada. 

Aqueles que optaram por seguir ao Deus Javé eram, automaticamente, alvos de crueldade e muitos foram mortos. Em represália ao ódio destilado contra Deus e Seus seguidores, houve uma seca de três anos mandada pelo próprio Deus como castigo aos idólatras. Realmente aquele não foi um período fácil para se professar lealdade ao Deus único e verdadeiro.

Quando não parecia haver esperança alguma, Elias surge desafiando os sacerdotes pagãos a um duelo (1 Reis 18:1–18). O duelo ou desafio no monte Carmelo começou com um profeta do Deus Javé enfrentando 850 profetas de Baal e Aserá, o poste-ídolo (18:19). 

Antes de o duelo acontecer, Elias levantou-se e dirigiu-se à assembleia ali reunida: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o” (18:21).

Assim o duelo começou. Elias demonstrou o poder do Deus verdadeiro (18:30–38). Aqueles que testemunharam a cena foram convencidos de quem era o Deus verdadeiro: “vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” (18:39). O povo havia tomado uma decisão e essa decisão o compeliu à ação (18:40).

Em toda a Bíblia, Deus pede para as pessoas optarem por segui-lO. Aqueles que obedecem a Deus encontram “vida” (Deuteronômio 30:19; 32:47).

As Escrituras ensinam que só os que estabelecem e mantêm um relacionamento correto com Deus podem ter essa “vida” (veja Jeremias 38:20; Amós 5:4; Habacuque 2:4; João 3:15, 16, 36). 

O cristão optou por seguir a Deus porque ele sabe que a vida eterna é obtida somente através da obediência à vontade de Deus (João 5:25–29). O Senhor afirmou que quem crê passará das “trevas” para a “Luz da vida” (João 8:12). 

A sua transição das trevas para a luz ocorreu porque você fez a escolha de crer nos mandamentos de Deus para a sua vida e a eles obedecer.

Essa escolha teve um impacto sobre a sua vida — e agora você escolhe fazer determinadas coisas que anteriormente não escolheria! Quando você se tornou cristão, você redirecionou a sua mente para escolher conforme os mandamentos de Deus. Essa mudança se chama “renovação” de mente (Romanos 12:1, 2). O cristão faz escolhas acentuadamente diferentes das escolhas de um não-convertido!

Em Efésios 4 a 6, Paulo expôs as mudanças radicais que ocorrem quando uma pessoa se converte. Vejamos esse trecho com cuidado, observando como o processo de tomada de decisão sofreu mudanças. Esses versículos mencionam três áreas críticas em que o fato de ser cristão deve impactar as suas escolhas.


A ESCOLHA DE ATITUDES IGUAIS À DE CRISTO

A verdadeira conversão modifica atitudes! Antes da conversão, as atitudes da pessoa são dominadas por egoísmo e orgulho. Após a conversão, as atitudes da pessoa são dominadas pela intenção de glorificar a Deus. As palavras de Paulo revelam como essas atitudes mudaram de um foco egocêntrico para um foco altruísta. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:19b, 20).

O poder transformador da conversão nas atitudes de uma pessoa é ilustrado por Onésimo. Esse escravo fugitivo havia saído da casa de Filemom numa atitude de egocentrismo que o tornou “inútil”. Quando Onésimo ouviu e obedeceu ao evangelho, ele se tornou “útil”. Ao comentar a mudança de atitude desse homem, Paulo escreveu: “Sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas. Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim” (Filemom 10, 11).

A maior luta enfrentada por um cristão recém-convertido é a mudança de suas atitudes. Em vez de pensar somente em si mesmo, ele precisa começar a pensar nos outros. É por isso que Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). 

Efésios 4:1–6 destaca três mudanças de atitude significativas. Essas novas atitudes se mostram quando o indivíduo reconhece que foi consagrado ao serviço de Deus (veja Hebreus 10:20). São na verdade atitudes de santidade.

1) O cristão deve ter “humildade”. Uma pessoa que está tentando ser como Cristo não exige que tudo aconteça do seu jeito; ela tenta colocar os interesses dos outros na frente dos seus próprios interesses. A mente convertida reconhece que os outros têm boas ideias. A mente arrogante estimula a rivalidade porque sente inveja e orgulho. As Escrituras advertem o cristão de que a humildade pode ser suplantada pelo raciocínio arrogante (Filipenses 2:3; Tiago 3:14). Algumas pessoas permitem que o orgulho tome o lugar da humildade. O orgulho faz a pessoa recuar e dizer: “Eu avisei que esse plano não ia dar certo, mas não me deram ouvidos — e agora veja a bagunça!” Ao contrário disso, uma atitude semelhante à de Cristo incentiva a mentalidade humilde e crucifica os pensamentos arrogantes.

2) O cristão deve ter “cordialidade”. Essa atitude é consequência da humildade. Quando admitimos que não somos a autoridade absoluta em vários assuntos e que nossas ideias nem sempre são as melhores, desenvolvemos uma atitude de cordialidade. Essa atitude nos faz ser bondosos, úteis, prestativos, cordiais, considerando as opiniões dos outros. A cordialidade inclui ser sensível aos sentimentos alheios (Lucas 6:35; Romanos 12:10; veja Colossenses 3:12). O autêntico convertido admira todos à sua volta porque ele tenta substituir o viver egocêntrico e gélido pela servidão da santidade.

3) O cristão deve ter “longanimidade”. Algumas versões dizem “paciência”. O termo indica que o cristão recém-convertido está disposto a ter um “longo ânimo” até resolver um problema com outra pessoa ou com uma situação difícil. A vida cristã não é fácil; muitos problemas e desânimos podem surgir. Quem possui uma atitude convertida consegue ser longânimo porque sabe que o Senhor Deus cuidará de tudo. Foi essa atitude que Paulo demonstrou quando lhe avisaram dos problemas que ele enfrentaria em Jerusalém. As atitudes dos que viajavam com Paulo o fizeram ser tolerante com as situações e dizer convictamente: “Faça-se a vontade do Senhor!” (Atos 21:14b).

Essas atitudes ajudarão os cristãos a se alegrarem na superação do egoísmo, a desfrutarem a companhia de outros tornando-se mais sensíveis e a suportar os problemas com o entendimento de que Deus está no controle! Essa atitude capacita o cristão a ter grande paz! (Veja Filipenses 4:4–8.)


A ESCOLHA DE TERNOS AFETOS

A regra central para o comportamento do cristão é o amor. E esse amor deve ser santificado. Ele se tornou santo. 

Esse novo amor substituiu o velho tipo de amor. Antes da conversão, o amor era por si próprio e buscava mimar e satisfazer os desejos do ego. Antes da conversão, o objeto do amor poderia ser expresso por frases como: “Preciso cuidar de mim mesmo!” e “Tente ser o número um!” Após a conversão, o centro das atenções muda radicalmente: o objeto do amor não é o próprio ego, mas os outros! O cristão recém-convertido descobre que o ego foi “negado”, “perdido” e “crucificado” (veja Mateus 16:24; Lucas 9:24; Gálatas 2:20). 

Esse amor convertido é o tipo de amor (agape) que serve e dá, um amor que imita o maravilhoso amor de Deus por nós (Romanos 5:8). É esse amor convertido que assusta o mundo. Quando outros veem a mudança nas expressões de amor do novo convertido, ficam maravilhados.

Conta-se uma velha história da conversão de um homem que era conhecido como um grande encrenqueiro bêbado. Obviamente, alguns moradores da cidade duvidavam da conversão dele. Um dia, alguém estava ridicularizando em voz alta a igreja, a Bíblia e Deus. O indivíduo começou falando da conversão do encrenqueiro. O filho do convertido estava no meio da multidão e ouviu a zombaria. Então, ele deu um passo adiante e disse: “Por favor, não diga que meu pai está enganando as pessoas. Desde que ele se tornou cristão, ele está diferente. Ele não usa linguagem obscena. Não bate em ninguém. Até ora antes das refeições. Senhor, não quero que meu pai engane ninguém; mas, se ele não estiver em seu juízo perfeito, por favor, deixe-o em paz — porque a mente que ele tem agora é melhor do que a que ele possuía antes!”

O novo convertido faz a escolha de amar de modo diferente! Agora que você é cristão, você deve amar com o amor santificado do seu Pai celestial. Como você demonstra o fato de que agora, como cristão, você escolheu amar a todos como Deus ama?

A ESCOLHA DAS AMBIÇÕES ESPIRITUAIS

Qual é a sua verdadeira ambição na vida, agora que você é cristão?

O que é mais importante para você?

Paulo é uma ilustração excelente de como as ambições mudam radicalmente após a conversão. Escrevendo aos filipenses, o apóstolo refletiu sobre essa mudança. Antes de se tornar cristão, Paulo desejava obter prestígio, posição e honra do mundo. (Veja Filipenses 3:4–8.) Paulo passou a ter uma nova ambição como cristão: viver de maneira a glorificar a Deus (3:7–14). Ele desafiou todos a partilharem desse mesmo propósito na vida (3:17–21). Paulo mostrou essa mesma ambição quando escreveu aos efésios. Ele insistiu para que os cristãos de Éfeso vivessem de modo a glorificar a Cristo e a Deus.

Esse alvo é enfatizado por duas expressões.

1) O cristão deve “andar de modo digno da vocação” a que foi chamado (4:1). Primeiramente, Paulo chamou a atenção de seus leitores para como as escolhas da vida impactam o mundo em que eles vivem. O evangelho chama os pecadores a se tornarem cristãos (2 Tessalonicenses 2:14). 

Essa é uma vocação ou um chamado para deixarem o mundo e seus padrões, a fim de serem colocados no corpo de Cristo e começarem a viver segundo os padrões do Senhor (Colossenses 1:13). 

Essa vocação é um tremendo privilégio que traz grandes bênçãos. Aqueles que respondem e aceitam o chamado têm a responsabilidade de andar (ou seja, viver) de um modo que não seja reprovado pelo Senhor. Por exemplo, quem roubava não deve mais roubar, quem mentia deve agora falar a verdade e quem vivia imoralmente deve ser santo. Ser cristão requer o estabelecimento de um novo objetivo (ambição), o objetivo de honrar e glorificar a Deus (Gálatas 6:14). 

Considerando que agora você é cristão, tudo que você faz deve provocar um sorriso na face de Deus porque a sua conduta O agrada.

Como você pode honrar a Deus no trabalho? ...em casa? ...no lazer? ...com os amigos? ...com os colegas de trabalho?

Você escolheu aceitar a oferta de salvação dada pelo Senhor quando Ele o chamou através do evangelho. Isso resultou no dever de fazer uma escolha consagrada no que diz respeito às suas maiores ambições na vida.

2) O cristão deve se “esforçar diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (4:3). Paulo descreveu a seguir a maneira como as ambições impactam a igreja do Senhor. Cada membro da igreja de Cristo é obrigado a manter unidade e harmonia. 

Observemos que o mandamento não é para que haja qualquer unidade, mas a “unidade do Espírito”. A unidade do Espírito de Deus não significa tolerância a toda e qualquer fórmula ou expressão de fé. Nos versículos 4 a 6, Paulo alistou especificamente sete pontos básicos sobre os quais “a unidade do Espírito” deve ser estabelecida e mantida: 1. “um só corpo” 2. “um só Espírito” 3. “uma só esperança da vossa vocação” 4. “um só Senhor” 5. “uma só fé” 6. “um só batismo” 7. “um só Deus e Pai de todos” Esses sete “uns” já foram analisados e redefinidos por muitos na tentativa de se defender uma unidade em desacordo com as instruções do Espírito no Novo Testamento. 

Como cristão, você tem o dever de ajudar a preservar a unidade na religião ensinada na Bíblia. Essa ambição deve ser primordial na sua mente porque você fez uma escolha de seguir a Palavra de Deus.


CONCLUSÃO

O homem e Deus fazem escolhas! 

Deus revelou o que Ele escolheu. 

Sua escolha é pelos que obedecem e se submetem às regras de “viver pela fé” (Romanos 1:17; veja 2 Coríntios 5:7). Deus espera que Seus filhos escolham a submissão às Suas regras de fé. Ele já providenciou os incentivos e explicou a necessidade de optarmos pela “vida”, seguindo a justiça. 

Infelizmente, nem todos escolhem seguir o caminho de Deus, e até cristãos podem deixar de fazer as escolhas certas. Essas pessoas são como o Israel ao pé do monte Sinai. Embora a nação tivesse resolvido obedecer à vontade de Deus (Êxodo 19:5–8), alguns israelitas optaram por desobedecer. Em pouco tempo, a nação que havia optado por obedecer a Deus virou-Lhe as costas e prostrou-se diante de um ídolo. Quando Moisés descobriu a traição, ele intimou a todos: “Quem é do Senhor venha até mim” (Êxodo 32:26). Mais uma vez, Israel teve de escolher obedecer a Deus ou não.

Agora que você é cristão, escolhas precisam ser feitas. Cada dia, o diabo tentará fazer você negligenciar suas escolhas e fazer concessões. Por isso, todos os dias, você precisará renovar a sua dedicação e avaliar as suas escolhas. 

Você está na mesma situação de Daniel e seus três amigos na Babilônia. No meio de uma terra estranha, eles foram desafiados a comprometer sua dedicação ao Senhor. E os quatro jovens escolheram manter-se obedientes a Deus e se recusaram a negligenciar essa escolha (Daniel 1:8; 3:17, 18)! 

Outro exemplo encorajador é o de Moisés. Ele decidiu não comprometer seus princípios de temor a Deus para “usufruir prazeres transitórios” do mundo. A atitude, as inclinações e a ambição de Moisés o instaram a tomar decisões que honraram a Deus (Hebreus 11:24–26). 

Façamos o mesmo!



Autor: John L. Kachelman Jr. © Copyright 2005, 2010 by A Verdade para Hoje TODOS OS DIREITOS RESERVADOS





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